Sergio Anachoreta

Sergio Anachoreta

Para fazer cerveja em casa você não precisa de muita coisa. Basta uma panela e um fogão.

Era assim que os nossos antepassados faziam, mas se você quiser fazer algo com mais conforto e qualidade, precisará se equipar melhor. E nesta hora você tem que pensar bastante antes de começar a comprar por impulso. Caso contrário esta arriscado a gastar muito e acabar se arrependendo.

Antes de mais nada, veja se você tem condições pra fazer cerveja.

Se você mora em apartamento, considere a possibilidade de adquirir uma máquina elétrica. Ocupa pouco espaço e dá menos bagunça. Em compensação, a grande maioria delas é 220v. Se você tem isso em casa, maravilha. Se não, vai ser complicado. Essas máquinas elétricas de 25 litros costumam ter perto de 3000w, e com isso o gasto total de energia não chega a 6000w, gerando um custo aproximado de R$10,00 por brasagem.

A outra coisa a ver é o tamanho do seu kit.

Mais uma vez: se você mora em apartamento e seu fogão é abastecido com gás de rua, não passe de 20 litros. Ferver mais de 20 litros num fogão caseiro é uma enorme dificuldade. Existem kits a partir de 5 litros.

Quando comecei, comprei um kit pra fazer 10 litros com uma única panela. Isso dá no máximo 15 garrafas de 600 ml, leva 30 dias pra ficar pronto e dura pouco mais de 2 semanas. E aí você descobre que o trabalho que dá para fazer 10 litros, você bem pode fazer 20 litros.

Agora, se você tem espaço e disposição, pode fazer como eu. Hoje tenho três panelas (50, 60 e 70 litros) e faço 50 litros por vez. Na realidade, 45. Tudo depende da disponibilidade de espaço e da disposição de fazer e beber cerveja.

Lembre-se que a produção caseira é liberada apenas para consumo próprio. Você não pode carregar, vender e pasme... nem mesmo doar! Esta cerveja não possui registro. Ou seja, a cerveja caseira só pode ser consumida na sua casa para você e seus amigos.

Mesmo assim eu acho que vale a pena.

Saúde!

Quarta, 16 Março 2022 16:38

A fase fria

Dando continuidade ao artigo anterior, vamos detalhar um pouco sobre a fase fria.

Após a fervura, precisamos introduzir a levedura na cerveja, porém nosso mosto está muito quente. Acabou de ser fervido e precisa ser resfriado o mais rápido possível para evitar contaminação. Existem alguns equipamentos próprios para isso que falaremos em outra oportunidade.

Você deve esfriar o mosto em função da levedura a ser utilizada. Observe as indicações do fabricante para saber a temperatura ideal para a levedura. Se for uma ALE deixe o mosto por volta de 18 Cº. Uma kvieik por volta de 27 Cº, mas sendo uma lager não deve passar de 13 Cº.

Prepare seu fermentador e não se esqueça de colocar um airlock. Este dispositivo permitirá que o CO2 produzido na fermentação seja eliminado sem deixar que o oxigênio entre no fermentador.

Atingindo a temperatura ideal, insira a levedura e tente aerar o mosto o máximo possível. Esta será a última vez que a levedura sentirá o gosto do oxigênio. Existem alguns processos para isso que falaremos mais tarde.

Terminado o processo de aeração, feche bem o fermentador para evitar a entrada de qualquer impureza e principalmente o oxigênio. Não se esqueça que a fermentação produz uma quantidade enorme de CO2 que deve ser eliminado e deixe seu que airlock sempre com água.

Você deve acompanhar a fermentação pois a medida em que a cerveja for ficando pronta, a densidade do líquido irá diminuindo. Quando estabilizar por mais de 3 dias, o processo chegou ao fim.

Durante o processo a temperatura sobe. Pra isso você deve utilizar uma geladeira para acondicionar o fermentador. Se você mora numa cidade como o Rio de Janeiro, então nem se fala. Fermentar ao ar livre pode trazer sabores indesejáveis a sua cerveja. Tente manter a temperatura dentro da faixa ótima de utilização determinada pelo fabricante.

No final do processo é comum se aumentar a temperatura para que a levedura reabsorva alguns compostos que ela mesmo produz. Isso é chamado de descanso do diacetil.

Terminada a fermentação é aconselhável submeter a cerveja a uma baixa temperatura (próximo de zero) a fim de facilitar a decantação dos sólidos e resto de lúpulo que ainda esteja dentro da cerveja. Este processo é chamado de clarificação.

Passada esta fase, está na hora do envase, porém a cerveja está sem gás. Precisamos gaseificá-la. Isso pode ser feito em dois processos: natural ou artificial. Mas isso será alvo de outro artigo.

Ein Prosit!

Quarta, 16 Março 2022 16:38

A fase quente

Em continuação ao artigo anterior vamos detalhar um pouco a fase quente.

Em linhas gerais a produção de cerveja é baseada no cozimento do malte. Graças às maltearias, hoje a gente já compra o malte pronto, torrado na medida da receita.

O tão falado malte é o produto de uma germinação controlada e dessecação dos cereais, que produz enzimas que modificam as substâncias da semente, que pode ser usado para a produção de bebidas.

O malte forma-se a partir de sementes de cereal que são embebidas ou encharcadas com água fria. Quando o grão absorve o máximo possível de água (teor de umidade de aproximadamente 45%), dá-se a germinação, sob estímulo de um hormônio vegetal. O resultado do processo é chamado de malte verde. Colorações entre o vermelho e o preto são adquiridas quando o malte é tostado e a tonalidade depende do grau de torra. Este processo tem a finalidade de fazer um pré cozimento no cereal para desenvolver suas características de sabor, aroma e cor.

Primeira conclusão: Escolha a cerveja que você vai fazer e compre os ingredientes de acordo com a receita.

Não sabe onde arrumar receitas? No final do artigo vou colocar um link para um site americano com mais de 230.000 receitas de todo tipo de cerveja.

A funcão do cozimento é extrair do malte o açúcar que será utilizado na fermentação. Para isso o malte deve ser moído, mas não triturado, e cozido em temperaturas específicas durante tempos determinados. A este processo damos o nome de mostura.

Feita a mostura, voce vai precisar separar o líquido do sólido filtrando sua cerveja o máximo possível e lavar o malte para extrair ao máximo o açúcar produzido. Toda esta etapa leva em torno de duas horas. Há vários processos pra isso que falaremos mais tarde. Ninguém quer beber uma cerveja que tem coisas flutuando dentro dela, né... Quanto mais filtrada ela for, melhor será a sua aparência e sabor.

Agora que a cerveja está limpa, precisamos fervê-la para garantir que todos os micróbios possíveis e imagináveis sejam eliminados. E nesta hora que adicionamos alguns ingredientes que darão o sabor, aroma e amargor que a nossa receita pede. A fervura é a etapa final da fase quente e dura em torno de 60 a 90 minutos.

O próximo artigo é sobre a fase fria.

E aqui, segue um bom site com ótimas receitas:
https://www.brewersfriend.com/search/

Quarta, 16 Março 2022 16:38

Você pode fazer cerveja em casa

Sim. Claro que sim. Minha avó já fazia cerveja. Pelo menos ela acreditava nisso. Hehehe.

Mas hoje em dia é muito fácil você fazer cerveja em casa. Eu mesmo, como não poderia deixar de ser, também faço. Para isso, você vai precisar de um conjunto de equipamentos que vão depender do volume e da qualidade da cerveja que você se propuser a fazer.

É claro que todos querem fazer a melhor cerveja do mundo, mas para isso vai ter que gastar uns reais a mais. Além disso, você vai ter que arrumar um lugar para guardar essa trapizonga toda e, acredite em mim, é um bocado de coisa.

Vamos começar pelo processo.

A produção de cerveja pode ser dividida em duas fases: fase quente e fase fria.

A fase quente consiste basicamente em cozinhar o malte para produzir o mosto, líquido açucarado que será usado na fermentação. Esta fase dura de cinco a sete horas de trabalho.

A fase fria consiste em fermentar o mosto para a produção da cerveja e leva em média de cinco dias até seis meses, dependendo da cerveja.

Nos próximos artigos você vai encontrar mais detalhes sobre os dois processos.

Conclusão: Fazer cerveja é uma arte que requer cuidado, dedicação e muita paciência. Se você quer beber sua cerveja no Natal comece a trabalhar ainda em novembro. Se você está com pressa eu aconselho ir no super mercado e comprá-la pronta.

Ein Prosit!

Terça, 22 Março 2022 11:39

Trasfegando para o postmix

Segundo o artigo sobre " Do fermentador à garrafa sem contato com o ar ", este artigo falará sobre o processo de trasfega para o postmix e subsequente carbonatação.

Primeiramente você deve conhecer seu equipamento, portanto pese seu postmix vazio.  Quando ele estiver cheio você saberá quantos litros colocou.  O meu deu 4,5kg.  Pese também o seu balde cheio.  O balde de 22 litros com tampa tem em média 1kg.  O meu deu 17,5 Kg, o que deve dar 16,5 litros.  Como fica sempre um resto no fundo, vou considerar que entrarão 16 litros.

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No artigo anterior, estávamos com o balde no maturador que foi trasfegado sem contato com o ar. O mesmo princípio faremos agora.

Desta vez, após sanitizarmos o postmix, pressurizo-o utilizando a saída de líquido, pois ela inserirá o CO2 por baixo. Utilize a entrada de gás para sentir o cheiro do CO2.  Quando você estiver sentindo, significa que o postmix já tem CO2 suficiente.  Desconecte-o do cilindro e deixe a pressão sair.  O postmix ficará cheio de gás mas em pressão ambiente.  Nada mais que 0,5 Bar é necessário. 

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Agora, ligue a saída de líquido do postmix no balde de maturação, retire o airlock do balde e abra a torneira. A medida que a cerveja entra você pode sentir o CO2  saindo pela mangueira de gás. Como a espectativa era 16 litros, não há possibilidade de transbordar. Lembre-se que os 19 litros é a "capacidade nominal", pois normalmente não cabe mais que 18 litros.  Além disso, você vai precisar de um "headspace" para carbonatar a cerveja. 

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O mesmo processo pode ser feito com barril, porém é comum as extratoras possuírem válvulas de retenção que impedem o retorno do fluxo, tanto de gás quanto de líquido. Retire estas válvulas para o processo e recoloque-as no final.

Como a torneira é instalada na lateral do balde, a gente acaba sempre perdendo algo em torno de 0,5 litros de cerveja.  Neste fundo morto vão estar os resíduos da fermentação que foram decantados pelo processo de cold-crash.  Com isso, sua cerveja vai ficar mais límpida.   Pelo menos é o que se espera.

Terminado o processo, eu pesei o postmix e ele acusou 20,3 Kg, que descontados os 4,5 Kg deu praticamente 16 litros de cerveja.

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Feita a trasfega, eu abri o balde para ver o que deixou de ir para a cerveja por conta do coldcrash.  As fotos falam por sí.  A cerveja em questão é uma Weiss, que aqui mais parece um doce de leite.

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No próximo artigo falaremos sobre a carbonatação rápida.

Saúde!

 

Terça, 31 Mai 2022 16:46

Starter 100% caseiro

Vou descrever aqui um processo que venho utilizando com bastante sucesso há cerca de três anos: starter da levedura.

O starter consiste em fazer uma fermentação prévia de uma cerveja (3 litros) utilizando para isso a quantidade de levedura suficiente para 30 litros. Este mosto em especial é normalmente feito de extrato de malte, bem clarinho e sem lúpulo para não dar cor ou sabor diferente na cerveja.

Para aumentar o rendimento do starter utiliza-se um agitador magnético que consiste em um ventilador com um imã preso nele. O erlenmeyer é posicionado sobre o ventilador e dentro dele é colocada uma barra magnética. À medida que o ventilador roda do lado de fora, a barra roda do lado de dentro, provocando uma agitação constante no mosto melhorando a aeração e a multiplicação das leveduras. Com isso, admite-se que em 24 horas a quantidade de levedura existente praticamente dobre em relação à inicial.

Para se ter certeza seria necessário efetivamente uma contagem de células, mas vou pular esta parte.

Eu faço isso tudo 24 ou 48 horas antes da brassagem.

Quando eu faco pilsen, calculo a cerveja para uma quantidade 10 litros a mais que a desejada e antes de adicionar os lúpulos eu retiro esses 10 litros. Quando for fazer o starter de uma cerveja qualquer, pego três desses dez litros, fervo, resfrio e inoculo a levedura. A quantidade de mosto produzida me permite fazer 3 starters de qualquer tipo de cerveja, pois o mosto utilizado é bem claro. Pilsen sem lúpulo normalmente com 1.045 de densidade.

Na hora de usar, eu retiro dois dos três litros. Este litro que sobrou, eu deixo no freezer descansando para posteriormente fazer um novo starter.

Uma das últimas pilsens que fiz foi a sétima cerveja feita com a mesma S-189 que foi comprada no ano de 2020.

Abaixo detalho as fotos do aparelho.  Pode-se notar uma caixa de plástico, com um ventilador extraído de uma fonte de alimentação de computador com defeito, um imã de neodímio retirado de um HD de computador com defeito, colado no centro do ventilador com um adesivo de dupla face. O motor é acionado por um interruptor colocado no lado caixa e é alimentado por uma fonte de 12 volts.  Dentro do erlenmeyer eu mergulho uma barra magnética (peixinho) que gira quando o motor é acionado, causando o vórtex, aumentando a aeração do líquido.

 

Mais adiante mostro o meu "banco de leveduras" com os vários tipos de levedura, armazenadas em tubos falcon de 50ml, adormecidas em um freezer que não congela, regulado para manter uma temperatura próxima de 1º C.  No topo de cada tubo tem a indicação da levedura com a data em que foi armazenada.

 Já produzi cervejas com leveduras que ficaram mais de 13 meses dormindo.  Feito o starter, ela acorda e funciona como nova!

No link abaixo, tem um vídeo publicado no Instagram com uma simulação do processo.  No vídeo, utilizei apenas água, para ficar transparente e você poder ver exatamente como funciona.

https://www.instagram.com/p/CePBopuvWQC/ 

 

 

Sábado, 30 Abril 2022 04:28

Pasteurização caseira

Pasteurização é um processo que tem a finalidade de aumentar a durabilidade de um líquido. Este processo foi inventado pelo químico francês Louis Pasteur que descobriu a existência de micro-organismos, entre eles os fungos responsáveis pela produção da cerveja.

A Saccharomyces cerevisiae é a principal levedura utilizada em processos industriais de fermentação alcoólica.

Embora não seja comum o cervejeiro caseiro fazer, nada o impede. Se for fazer primming, a pasteurização só poderá ser feita após o período de carbonatação.

Se utilizar a carbonatação forçada, pode ser feita em seguida ao envase.

O processo é simples.

Eu tenho uma panela de 36 litros com fundo falso, bomba de recirculação, tampa com chuveiro e uma panela de fervura de 50 litros, ambas com registro de 1/2 polegada e engate rápido. Como auxiliar de brassagem eu tenho um aparelho chamado SmartMash que controla todo o processo. Em minha panela de fervura de 36 litros, com fundo falso, couberam 18 garrafas. Coloquei água fria na panela até que as garrafas ficassem quase todas cobertas, deixando apenas uma parte do gargalo de fora e em seguida retirei as garrafas.

Com a água que sobrou, liguei o fogo e com o auxílio do SmartMash regulei para mostura de 60 Cº por 20 minutos. Utilizei a bomba de recirculação para fazer um chuveiro dentro da panela e garantir a temperatura desejada. Quando atingiu 60 Cº, coloquei as garrafas dentro e iniciei a brassagem mantendo a bomba ligada. Faço isso com a tampa fechada, pois a recirculação vem pelo chuveiro instalado na tampa da panela. Ao término dos 20 minutos, desliguei tudo e transferi as garrafas para os engradados, onde dei um banho de água fria para dar um choque térmico na cerveja.

E agora é só colocar para gelar quando for beber. Pode deixar fora da geladeira tranquilamente que não vai estragar.

Alguns conselhos úteis

Utilize uma luva térmica e óculos de proteção pra evitar acidentes.

No envase da garrafa, deixe um espaço razoável para a expansão do gás. Se usar aquelas de 500 ml inglesa ou 600 ml antiga, deixe pelo menos metade do gargalo de fora. Se utilizar as caçulinhas, tente deixar o gargalo quase todo de fora.

Se carbonatar forçadamente, não ultrapasse o limite de 1.5 bar.

Se fizer com priming utilize um manômetro de garrafa pra ver quanto ficou. Mais de 2 bar de pressão em temperatura ambiente, quando colocada a 60 Cº pode causar explosão da garrafa.

Evite trabalhar com a tampa da panela aberta. Eu tive uma garrafa que explodiu e só não causou danos maiores porque a panela estava tampada.

Cuidado quando for pegar as garrafas na panela. Evite batê-las. Eu vi algumas com tanta pressão que borbulhavam na chapinha.

Se você não é atleta, não gosta de fazer muita força ou quer um método super prático para carbonatar a sua cerveja, leia com atenção este artigo.
E vou mostrar aqui um equipamento que eu comprei, mas poderia ter feito em casa.

E constituído de uma bomba atóxica, um T de aço inox, dois conectores para engate rápido e uma pedra difusora de inox, devidamente encaixada numa bucha de inox. Esta peça é muito utilizada em cervejarias para fazer aeração da linha de mosto, quando está transferindo o mosto pro fermentador.

O princípio é simples. A bomba puxa a cerveja pela saída de líquido do postmix, entrando na tomada de baixo e devolve para o postmix pela entrada de gás. No meio do caminho aparece o CO2, que será inserido no líquido até a saturação.

Você poderá notar que a cerveja entra limpa (sem bolhas) por baixo e sai cheia de bolhas na parte de cima. Quando não houver mais bolhas, indica que o líquido está saturado e não entrara mais CO2 na cerveja. Esse processo dura em média 45 minutos pra um postmix de 19 litros, mas pode variar em função da temperatura da cerveja e da pressão desejada.

Uma das vantagens deste método é a automatização. Isso permite que você deixe a cerveja carbonatando, enquanto vai lavando as garrafas, arrumando as coisas ou comendo mais um pedaço de carne do seu churrasco.

A outra vantagem é poder determinar qual a pressão exata de carbonatação que você deseja para sua cerveja, sem ter que ficar medindo e sacudindo a toda hora.

Como eu queria uma solução rápida, comprei o aparelho pronto que custou R$ 350,00, mas isso foi há muito tempo.  Coloquei no final do artigo links para os produtos no mercado livre, mas isso serve apenas como referência.

Um detalhe: este tipo de bomba não tem capacidade de sucção. Isso quer dizer que você vai ter que dar uma ajuda pra iniciar o processo, já que diferentemente das bombas que se usam em cisternas, não contamos com a famosa válvula de poço, que mantém a coluna cheia de líquido e permite que o líquido seja puxado.

Eu faço da seguinte maneira.

Conecto a mangueira de líquido no postmix na entrada da bomba e aplico uma pequena pressão (0,5 Bar). 

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Você vai ouvir o barulho do CO2 entrando. Quando diminuir o barulho, purgue a pressão na mangueira de saída da bomba. Isso fará com que o líquido suba e tente sair na sua mão.

 

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Neste momento, ligue a bomba. Agora a cerveja não descerá. Coloque a mangueira de saída da bomba na entrada de gás do postmix. A cerveja começará a circular.

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Faça isso o mais rápido possível para evitar que a cerveja comece a subir pelo tubo de gás em direção ao seu cilindro. Abra o CO2 e ajuste a pressão. Agora é só esperar.  Eu coloquei 1,7 Bar.

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No final, desligue a bomba. Se ficar cerveja nos tubos, basta um pouquinho mais de pressão na linha que ela volta pro lugar dela. Eu sou muito muquirana e não gosto de perder nem uma gota.

Depois de carbonatada, costumo deixar 24 horas dentro do freezer para o líquido descansar.  Isso ajuda a clarificar a bebida, mas se você estiver com pressa, é só alegria!

Seguem abaixo os links dos materiais que podem ser usados para montar a bombinha.

Bomba : https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1414984092-bomba-para-recirculaco-cerveja-artesanal-agua-quente-18w-_JM

Tê de inox : https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1732322073-te-90-aco-inox-304-rosca-fema-12-bsp-_JM

Pedra difusora: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2104772897-pedra-difusora-inox-2-micra-com-rosca-12-cerveja-artesanal-_JM

Conexão rápida DMFIT rosca macho: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2153005460-conexao-rapida-dmfit-rosca-macho-12-npt-x-tubo-38-_JM

Conexão rápida DMFIT rosca fêmea: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1784639049-dmfit-rosca-fmea-12-bsp-x-tubo-38-afab0607f-_JM

Kit completo já montado: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1816608181-sistema-com-bomba-para-carbonataco-cerveja-de-forma-rapida-_JM

 

 

 

Este artigo tem a finalidade de mostrar uma técnica que desenvolvi para passar do fermentador para a garrafa sem que a cerveja entre em contato com o ar.

A vantagem disso é reduzir a possibilidade de contaminação da cerveja, em especial pela oxidação.

O processo que criei é baseado na minha estrutura e você terá que adaptar à sua conforme o caso.

Eu tenho um fermentador cônico de 50 litros (45 úteis) que uso apenas para fermentar. A maturação eu faço em baldes, que coloco no freezer e mantenho a 1,5ºC.  Depois de passado o tempo de maturação, eu coloco em postmix para carbonatar e envasar. Os recipientes deverão estar limpos e sanitizados.

O princípio básico é que se o recipiente estiver cheio de CO2, este ocupará o lugar do ar permanecendo lá, mesmo que não haja pressão. Isso se deve ao fato do CO2 ser mais pesado que o ar.

Vamos ao processo!

Encher o balde com CO2

Para iniciar, separo os baldes que serão utilizados e fecho-os hermeticamente. Este balde deve ter uma arruela para airlock, afim de expulsar o ar. Coloque o airlock para garantir que o ar não entrará.

Feito isso, injete CO2 pela torneira. Aquela torneira italiana (E28) é especial para isso, pois ela vira para cima facilitando a entrada do CO2. Você notará que o ar sairá pelo airlock. Deixe entrar um bocado, até sentir o CO2 sair. Não precisa de muito, porque formará uma camada de CO2 no fundo do balde. Feche o balde antes de desconectar a mangueira.

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Retirada da cerveja para o balde.  Lembre-se de tirar a mangueira/air-lock do fermentador para evitar a possibilidade da água que está nele ser sugada para dentro do fermentador.

Conecte a saída do fermentador a torneira do balde e abra os dois. A cerveja irá entrar no balde pela parte de baixo, empurrando o CO2 pra cima e eventualmente um resto de ar que tenha ficado.

Quando o balde estiver pronto, basta fechar as torneiras.


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 Simples, não? Pois é, mas você vai precisar de um cilindro de CO2, regulador e mangueiras. Um pedaço de mangueira de 3/8 serve como elemento de união entre a mangueira de CO2 e o balde.

No próximo artigo vou mostrar como fazer a trasfega para o postmix/barril e a carbonatação a jato.

Saúde!

Domingo, 24 Abril 2022 04:12

APA com alecrim - APAPORRA!

Fazia tempo que não produzia uma APA. É um dos estilos de cerveja que eu mais gosto. É uma mistura de Pale Ale comum, toque sutil, porém presente de lúpulo como é comum nos estilos American.

Esta APA entretanto eu dei um toque diferenciado. Incluí na fervura 40 g de alecrim para um volume final de 45 litros sendo 43 úteis.

O curioso desta APA é que, como de costume eu fiz um starter da S04 nova que ia usar. Preparei 3 litros de mosto, fervi e inoculei a levedura.

No dia seguinte eu achei que o negócio não tinha ficado bom. O mosto fermentado do starter não estava com o aspecto leitoso como de costume, apresentando uma aparência granulada.

Quando provei o mosto, achei que ele estava um pouco ácido demais e que algo poderia ter dado errado. Por azar, meu Phmetro apresentou problemas e não estava funcionando. Com isso, fiquei com medo de usar este starter.

Resultado: comprei 2 envelopes de S04 novos e utilizei diretamente na cerveja. De toda maneira não descartei o starter. Deixei ele descansando no freezer, pois fiquei com pena de jogar tanta levedura fora. A quantidade produzida tinha sido muito grande e eu não tinha a certeza de que estava ruim.
Fiz a cerveja com levedura nova. A S04 é uma violência. Fermentou bastante e a cerveja saiu de 1.050 e terminou em 1.011 dando 4.8% de álcool, bem dentro do esperado.

A S04 não é uma levedura de alta floculação, e com isso o resultado não é uma cerveja muito transparente, mas guardadas as devidas proporções a cerveja ficou muito limpa.

Quem experimentou achou que o alecrim não chegou a ficar agressivo, mas penso que poderia ter usado um pouco menos. Talvez algo em torno de 0,5g por litro que daria 22,5g bem menos que os 40g usados.

No final, eu salvei a lama do fundo do fermentador só pra ver o que ia dar.

Recuperado de meu Phmetro, achei de verificar o estado daquele starter que eu achei ácido e pude comprovar que ele estava menos ácido que a lama resultante da cerveja. Além disso, as amostras de cerveja que tirei durante a fermentação para acompanhar a densidade apresentavam a cerveja com uma textura muito semelhante à do starter que foi feito.

De repente a própria S04 faz isso no mosto, porém eu não estava acostumado a isso. Foi a primeira vez que fiz starter em uma S04.

Resultado: Fiz bem em não descartar. Da próxima vez, vou usá-lo sem medo.

Você pode baixar o arquivo da receitas desta cerveja.

APA com alecrim